O documentário "Estamira" apresenta a realidade de uma senhora de pouco mais de 60 anos, mãe de três filhos, catadora de lixo em Duque de Caxias-RJ, portadora de distúrbios mentais e com visão ampla sobre o mundo e sobre si. Intitula-se responsável pelo esclarecimento da verdade, aos que são calados, ignorantes e "espertos ao contrário" como ela afirma.
Foi violentada pelo avô, obrigada a prostituir-se, estuprada duas vezes, traída pelos dois cônjuges e separada da filha mais nova.
Estamira, uma pessoa muito sincera, demonstra ao decorrer do documentário uma aversão a Deus, a perda dos valores da sociedade e aos remédios, cujos deixam o homem fora de si, indefeso.
Ela fala vorazmente sobre a importância da igualdade, cuja está perdida em meio à ganância dos homens. Afirma também que não trabalha e tampouco vive por dinheiro, mas por prazer. Sua única sorte foi o lixão que ela trabalha, onde as pessoas são companheiras e a vida simples.
Com sabedoria popular, Estamira diz que o homem só aprende aquilo que vive, que sente, na escola produz-se um mero copiar. Apesar de ter sido tão maltratada, ela carrega todas as marcas que possui (psicológicas e físicas) e as trata como lição, transformando-as em aprendizagem de si para com os que ela deve alertar, já que compreende-se como portadora da verdade, entidade suprema que no momento é carne e sangue, mas que um dia sairá deste estado e então será livre, completa, plena de si.
Hernani, filho de Estamira tenta catequizá-la em alguns momentos do documentário, mas tais tentativas são vãs já que ela não aceita, pelo contrário, sente-se desconfortável e chega a ficar agressiva. Ele por sua vez, diz que faz isso por acreditar que a mãe está possuída por demônios. A outra filha, Carolina, conta a história da mãe, e afirma que não teria coragem de interna-la numa clínica psiquiátrica já que presenciou o sofrimento da avó que foi internada por ordem do pai dela. E hoje um dos maiores sofrimentos de Estamira é a culpa que sente por ter colocado a própria mãe num hospital psiquiátrico.
Ao decorrer do documentário Estamira vai á psiquiatra cuja receita vários remédios, o que a deixa revoltada, já que considera um abuso tal fato.
O documentário, apesar de possuir alguns efeitos cinematográficos, cujos retiram um pouco da realidade vivida, mostra lados desconhecidos dos distúrbios mentais: opinião, sinceridade, ensinamento, arte, etc. Dos quais fogem completamente do discurso psiquiátrico regado por medicamentos, que colocam o portador de distúrbios mentais no lugar da desrazão, alienação completa, manipulável, ausente de criticidade.
Estamira é o grito desesperado dos portadores de distúrbios mentais, cujo busca atenção, evidenciar a injustiça calada que existe na sociedade, sempre tratados como dejetos, que devem ser colocados fora do quadro social, já que não apresentam uma imagem compatível ao padrão social. Impedidos de ser, repreendidos por remédios que degradam e calam aos poucos.
Por: Caroline Veras
Fotos: primeira foto foi retirada do site "Central de cinema" e a segunda do blog "Crítica construtiva ao comportamento" .
Seguem os links: http://www.centraldecinema.com.br/2011/06/estamira-beira-do-mundo.html
http://fernandartista.blogspot.com.br/2012/06/estamira-pura-lucidez.html
Esse documentário foi muito gratificante para a turma, nos mostrou uma realidade marcante, Estamira através da sua vida nos mostra a vivencia de usuarios de saúde mental , que se calam diante dos maltratos da sociedade, ela mostra que mesmo ela sendo DIFERENTE ela é feliz do seu jeito, pois ela encontrou no lixão(onde ela mora e trabalha) um refugio, pois lá ela é simplesmente ela. que me chamou a atenção foi a inteligencia dela, quando ela fala em relação ao medicamentos, que eles alienam as pessoas , e fazem com o que elas se calem. Adorei esse documentário.
ResponderExcluirÉ um documentário bastante marcante, que mostra como a sociedade exclui esses indivíduos de viver seus direitos. Muito interessante o documentário.
ResponderExcluirO documentário Estamira nos proporciona uma reflexão sobre a saúde mental e a construção histórica da loucura. Achei muito interessante quando ela fala sobre "restos e descuido", onde grande parte de suas críticas está relacionada a uma sociedade consumista, hipócrita e amoral. Estamira traz à tona a verdade nua e crua das desigualdades socias. Expõe à precariedade dos postos de saúde, o fato dela sofrer distúrbios mentais é medicada a ponto de sedar e controlar, onde o essencial deveria ser compreendê-la e prestar assistência familiar devido a suas condições de vida extremas. Além de todo sofrimento enfrentado, esta grande mulher não se cala, mas dá lições ao mundo de que é possível se viver da melhor maneira, ao passo em que somos capazes de reiventar a própria vida. Para ela, o homem que explora outro homem, seja de forma econômica, sexual, afetiva é amaldiçoado, indigno, incompetente é o que ele chama de trocadilo, pois este fez de uma maneira, que quanto menos as pessoas têm mais eles jogam fora.
ResponderExcluirMuito bom o documentário, vale a pena assistir.