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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Experiência de vida em Relação à morte

Tenho 36, casada e mãe de 3 meninas... Quando criança perdi meu pai num afogamento, aos 14 perdi minha mãe em um assassinato dentro da minha casa , estávamos todos em casa  numa noite de Natal e fomos acordados com um assaltante roubando a moto do meu irmão quando ele chegava em casa, ela foi assassinada com dois tiros no pescoço , socorreram-na mas não deu tempo.... o tempo foi passando e eu me encarreguei de ir superando de acordo com as minhas experiências e pela força que pedia a Deus... Mais uma vez uma perda em minha vida , quando tinha 21 anos meu irmão sofreu um acidente de moto e veio a falecer logo que chegou ao hospital , um provável suicídio pelo fato de nossa mãe ter sido assassinada quando foram roubar a moto dele e por ele está passando por um momento de separação no seu casamento , ele era um homem muito calado! Diante de mais essa perda fui tentando superar, mas uma perda relembra a anterior . Há 8 anos atrás , meu irmão que morava em SP  sumiu de casa , nem documentos ele levou , depois de ter brigado com a esposa e agredi-la , muitas procuras foram feita por parte dos parente que lá moram e até hoje não se sabe o que aconteceu com ele , se morreu ou se está vivo, ele deixou uma filha com 2 anos. Mais uma perda e uma dúvida em não ter a certeza se ele está vivo ou morto  e assim mais uma perda a ser superada , 8 anos já se passaram e a dúvida ainda existe. Estou em terapia a 4 anos e essas questões eu achava que estavam resolvidas , até que então me reparo com minha filha de 10 anos passando por um momento difícil , passamos por um susto no centro de SP com um trombadinha nos assaltando dentro do carro , um susto no trânsito em Caruaru onde meu marido nos livrou de um acidente  e outros acontecimentos mais , que prefiro não mencionar .... Diante de tudo isso minha filha de 10 anos adquiriu um medo de perder pai e mãe , ela tem pesadelos constantes onde ela perde os pais em morte trágica , sendo preciso um acompanhamento psicológico , pois estava se prejudicando na escola e nas amizades , ela chorava muito e o pai e a mãe não podiam viajar que os pesadelos viravam imagens na sua cabeça até acordada .Durante esse processo em meu acompanhamento psicológico eu chorava muito diante do sofrimento dela e eu junto com a psicóloga analisamos e percebemos que tudo que vivi em experiência de morte e morte trágica , e que eu achava que estava superada em minha vida, apenas estava guardada em meu subconsciente e que o sofrimento que ela estava passando por uma situação que não havia acontecido , me fez relembrar o que eu realmente havia vivido e achava que tinha superado.

Repasso essa experiência de vida para todos vocês, para que percebam o quanto é importante cuidarmos de nossa mente , mais cedo ou mais tarde ela nos mostra que tem algo que precisamos deixar bem resolvido em nossas vidas  para podermos ser bons profissionais.

Depoimento e Texto: Elizandra Medeiros

3 comentários:

  1. primeiramente, parabéns Elizandra, pela coragem de se expor. Sabemos o quanto é difícil perder um ente querido, e perde uma grande parte de forma trágica, e pior ainda. Devemos sim, está cuidando não só do nosso corpo, mas principalmente da nossa mente,e quebrar alguns tabus, em relação a ir ao psicólogo, digo isso pois, eu já tive grande preconceito de ir ao psicologo, pois eu pensava que quem ir era ou loucos.Hoje eu vejo a importância de ir, de cuidar de mim, para que no futuro bem próximo eu posso ajudar as outras pessoas que também precisando de cuidados.

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    1. Concordo Luana, comecei a fazer terapia ha uns 3 anos atras e parei, nao conseguia me entregar as sessoes, achava que era coisa pra louco, foi ai que optei por psicologia e so agora percebo a importancia desse profissional que chega junto, que acolhe e que apesar da situacao quer sempre te ajudar a se encontrar.

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  2. Deixar de pensar na morte nos arremete a não vivenciá-la da forma necessária. É algo imprescindível ao viver, ao existir, porque pensar na morte é ter a certeza que ela está junto do nosso existir. O que há de mistério nela, ficará talvez até o dia final chegar e até lá vivê-la de uma forma doce igual a vida seria o mais difícil e necessário objetivo do existir.

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