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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Metamorfose ambulante

Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
Eu vou desdizer
Aquilo tudo que eu lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha velha velha velha velha
Opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

Autor: Raul Seixas.

Meu amigo, aqui tomando uma cerveja geladíssima nesta beira mar e ouvindo o eterno Raul ocorreu-me uma iluminação, pensei: Na arte encontramos o sentido da vida e algo que se aproxima da verdade.
Suspeito que nossa personalidade é mutante. Não somos um livro raiz, não somos fixados em verdades que se pretendem eternas.
Para acompanhar a minha cerveja acabei abrindo um pacote de batatas fritas e então outra iluminação: se não somos enraizados como árvores, poderíamos ser rasteiros e imprevisíveis como uma rama da batata? Logo dei conta das lembranças das aulas e sobre um autor, DELEUZE, que tem esse conceito trabalhado e faz das conexões sem previsão a realidade do humano. A única certeza estar no devir, na percepção que novas ligações entre as ramas serão realizadas e o processo de entendimento da realidade se dará sempre a posteriori. Então olhando para o pacote de batatinha percebi que o estruturalismo não era mais moda.
Voltei para Raul.
Puxa, que gênio!
Ao compor metamorfose ambulante o maluco beleza revela com maestria esse fenômeno, essa mudança que todo o humano porta e não escapa jamais dos seus efeitos. O homem é condenado a ser livre, como pontuou SARTRE e essa mudança constante representaria essa liberdade humana? Talvez apenas para os autênticos.
Então mudei a faixa e tocou sociedade alternativa!
Pensei de imediato: Caramba, e como vai a loucura em nossos dias?
Será que podemos fazer o que queremos pois será tudo da lei?
Foi inevitável e mais uma vez a academia tomou minha mente e lembrei de Campina Grande – PB, quando de uma visita marcante a uma clínica de saúde mental.
Será que temos mesmo essa liberdade de sermos uma estrela e sempre única e com brilho e orbita próprios que encontram um lugar no universo para existir de maneira harmônica?
Aqueles astros que visitei estavam encarcerados e o brilho aparecia vestido apenas de esperança, muito tênue e jogada para um futuro distante. Suas órbitas eram cambaleantes e tristes, não resistiram aos medicamentos.
Confesso que fiquei incomodado, meu amigo, pois nossa sociedade poda os diferentes e os consideram incapazes. As instituições lhe são negadas e a cidadania não é exercida pelos portadores de sofrimento mental. Há movimento organizado contra manicômios, mas a sociedade muda lentamente e o sofrimento é ampliado quando segregamos nossos irmãos. Impedimos a vida em sua plenitude, não se trabalha, não se ama, não se integra, parecem que eles não existem.
E minha cerveja vai acabando....
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa!
Sociedade Alternativa
(viva! viva!)
Viva! Viva!
viva a sociedade alternativa!
(viva o novo eon)
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa!
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa!
Se eu quero e você quer
Tomar banho de chapéu
Ou esperar Papai Noel
Ou discutir Carlos Gardel
Então vá...
Faça o que tu queres pois é tudo da lei
da lei...
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa!
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa!
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa!
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa! ham...
Mais se eu quero e você quer
Tomar banho de chapéu
Ou discutir Carlos Gardel
Ou esperar Papai Noel
Então vá...
Faça o que tu queres pois é tudo da lei
da lei
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa!
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa!
Viva! Viva!
Viva a sociedade alternativa!
Viva! Viva!

Viva a sociedade alternativa!

Autores: Raul Seixas e Paulo Coelho.
Musicas: Raul Seixas e Paulo Coelho.
Texto: Paulo Emmanuel

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